SÓ PORQUE MEU VÔ MORREU

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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O QUE VOU FAZER DAS SEXTAS À NOITE? - IARA KIMI

O que eu vou fazer das sextas à noite? Passei a semana toda me perguntando o que vou fazer das minhas sextas depois do término do namoro, foi à mesma sensação que senti quando minha prima se mudou para o outro lado da cidade, ficava me perguntando o que seria dos meus domingos sem ela, também tive essa sensação quando perdi meus avôs o que seria de mim uma neta que tinha uma porção de coisas para dizer para eles, essa sensação é uma mistura de medo com saudade. Estar vivendo um rompimento me deixa mais sensível a perceber as coisas da minha vida, me deixa mais desperta ao sofrimento que vivo, a cada minuto do meu dia agitado percebo um vazio estranho que tem uma placa escrita assim “rotina quebrada tome cuidado”, é algo que simplesmente está lá, algo que você percebe, mas não sabe explicar, eu como de costume demoro a entender o que estou sentindo, custei a entender o que de fato significava essa rotina quebrada, não sei ao certo, mas no início é tudo tão intenso que só enxergamos a dor é difícil calcular o que realmente devemos fazer; No meu caso a frase “o que eu vou fazer sexta à noite agora?” era uma tortura, para você pode parecer algo pequeno, mas para mim é diferente, passei dois anos tendo nas minhas sextas um amor que até então eu não via fim, e então veio o rompimento, e fiquei perdida, isso acontece quando perdemos alguém também, eu lembro quando meu tio morreu e no enterro minha tia chorando a morte do marido perguntava ao céu como seria para ela dormir agora com todo o cobertor para ela, só quem está passando por isso pode de fato entender, tem umas opções de coisas para fazer, mas ao mesmo tempo não sabemos o que fazer, é estranho e bem real. Na vida passamos por essas quebradas de rotina várias vezes, muitas vezes é algo ruim que ficamos paralisados, mas outras vezes essa quebrada de rotina é algo bom que é responsável por mudar nossa vida, eu costumo dizer que tudo na vida é questão de ponto de vista, basta querer ver o lado bom das coisas sempre, é muito mais fácil falar, dar conselhos é muito mais tranquilo do que seguir um conselho, então não se force a nada, todo mundo tem seu próprio tempo, o amor às vezes nos deixa desesperados, quando vemos algum amigo ou familiar sofrendo logo vamos arquitetando milhares de conselhos e jogamos em cima dele, porque queremos evitar ou aliviar a dor dele, mas nunca pensamos que muitas vezes a dor precisa de silêncio para se montar aos espaços, que quando se passa por essa situação precisamos de segurança e escutar milhares de conselhos nem sempre será satisfatório, é complexo realmente se pararmos para analisar, nossa individualidade nos torna não acessíveis a certas coisas, cada um tem um jeito de lidar com situações, o que é preciso sempre é respeito ao ritmo do outro. Eu ainda não sei o que vou fazer das sextas, tem um mar de opção, o grande segredo acho que seja manter a calma e se permitir chorar sem julgamento próprio. Quando se perde a rotina é comum pensar que é o fim do mundo, costume é calmaria e quando perdemos parece que não somos mais quem gostávamos de ser, como eu já comentei nesse texto, tudo é questão de ponto de vista, é querer ver os pontos positivos, é aceitar as horas e entender que tudo vai passar, uma hora acaba que voltamos à outra rotina que será quebrada futuramente também, são ciclos, são aprendizados que temos dessa louca vida. Talvez eu use minhas sextas para aprender a jogar futebol ou comece um curso dança ou até mesmo escolha telas para pintar, sei lá, eu ainda não sei, mas pelo menos agora respeito meu coração que vai poder ir para onde ele quiser, sem lugar fixo. Pensem nisso.
Iara Kimi -  colunista do Caderno
www.fragmentosintensos.wix/oldkimi

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